Eu, sem nenhuma pressão
Eu moro em uma cidade,
Eu escolhi quem dirigiria essa cidade,
Eu acreditei que os interesses comuns seriam conduzidos,
Afinal, eu li Rousseau, e pensei na soberania popular,
Eu busquei a vontade do povo,
E eu fui à acrópole escolher,
Eu comecei a sentir a cobiça extorsiva,
Eu contribuí para a montagem de impérios pessoais,
Eu vi tributos desmedidos sendo impostos,
Eu vi a energia me sendo tirada, com custos inaceitáveis,
Eu vi a educação sendo degringolada....sem educação,
Eu vi a saúde ficar doente,
Eu vi estradas, aeroportos e obras sendo erigidas para atender a poucos,
Eu vi empresas, sem objetivos de lucros, enriquecerem alguns,
E eu vi a tudo, sem que a justiça também visse,
Eu vi a impunidade,
Eu agora sei que a justiça é cega,
Eu, sem nenhuma pressão, escolhi um dirigente,
Eu fui um crédulo,
É, eu acreditei,
E agora só me resta a máxima:
-Diga-me a quem está subordinado,
E eu lhe direi o quanto não deve acreditar.