NA TEMPESTADE SURPRESA.

Na tempestade surpresa, eu tive que pular miúdo ,

Tentei salvar mas não pude os meus bens materiais,

A natureza voraz invadiu a minha vida,

Me abriu novas feridas, judiou-me um tanto mais,

Mas algo me disse rapaz, aquiete os teus desalentos,

A vida é como um vento seus rumos mudam demais,

Pensando neste conselho deitei no meu chão batido,

Encostei bem o ouvido para assuntar o meu Deus,

E logo tive a resposta, ele disse o que tu gostas,

Não vai te dar a coroa, pois os desejos carnais,

Fazem de ti um animal, sem direito ao intelecto,

Te priva do raciocínio te equipara a um dejeto,

Depois deste entendimento, minha vida tomou rumo,

E hoje eu me resumo, as vestimentas do corpo,

Para cobrir minhas vergonhas, pois diferente da cegonha,

O povo sente um desconforto se exibir o meu patrimônio.

Demorou mas chegou-me a conformação,

Não me abala, mas a falta de adornos,

Minha alma não sofre mas o suborno,

De querer ostentar o que não possui,

Todo dia minha vida se conclui,

Em prezar pela mais vasta simplicidade,

Talvez seja uma conquista da minha idade,

Ou então uma benção do criador,

Mas o certo é que dei faces ao amor,

Que existe para alem de nossas entranhas,

Já que estas produzem muitas façanhas,

E quase sempre nos causam profundas dores.

LUSO POEMAS, 05/03/15