Casa das Ilusões
Nos somos as inorgânicas
Frias estatuas de rimêo
Com nosso halito de ice
E pernas de salto alto
Nossa pele fluorecente
O tudo não quer dizer nada
Em nossa conversa ausente
Nos somos as longilíneas
Lentas Madonas de boate
Iluminamos as pistas
Com nossos rostos de opala
Vamos em câmera lenta
Sem sorrir demasiado
E olhamos sem ver
Com nossos olhos borrados
Nos somos as sonolentas
Monjas de um sexo fútil
Em nosso escuro convento
A ordem manda ser sutil
Fomos alunas bilíngue
Do "Sacre- coeur" " ao Sion"
Mas adorar só adoramos
A imagem do deus Mamon.
Nos somos as Grãns- Funestas
Filhas do dinheiro com a miséria
A estupidez nos diverte
Pois amamos a vida fria
É tudo que nos espelha
Na asséptica companhia
Dos nossos machos de abelha.
Nos somos as bailarinas
Dançando a dança da moda
Na corda bamba do abismo
Mas nada nos incomoda
De vez que há sempre quem paga
O luxo de entrar na roda
Dormimos em nossa sexta
Em ataúdes de cristal
E só tiramos do rosto
Nossa mascara de cal
Para o drinque do sol posto
Ou para ser cronica social....
Pier - 03/03/15 02:30hs (Releitura do poema - Vinicius de Moraes )