Quero encontrar-te no despido do luar

Quero encontrar-te no despido do luar e calma e docemente afogar-me onde teus acenos murmuram meu nome, por entre as palavras que brotam da tua pele e florir em tuas mãos abundantes de amor e num caminho de improviso por sobre a fenda em meu peito saciar tua sede e sorver tua embriaguez de mim e seguir, seguir atada em ti como cerejeira em flor no caule da terra! Quero encontrar-te amor, porque sei que é só em mim que ardes e sou como oceano inteiro em tua boca silenciosa e nua. Quero encontrar-te no murmúrio adocicado do vento, na revolta das encostas que se cruzam nas nossas fronteiras desnudas, nos nossos laços emaranhados infindáveis e absortos em nós, tocar-te e acordar-te em meu corpo, por onde fizestes morada, por onde fincastes tua âncora e respiras o ar dos meus sentidos que já não ousam acenar-te e só anseiam presença. Ilumina-me! Acende-me com o sol que vem do brilho do teu corpo, embebeda meus lumes de ti para além de todas as coisas puras. Aqui, nada tem significado sem teu nome e nada há que floresça sem plantio, que brote sem palavras, que acasale sem toque e esmoreça de completude. Aqui nada há sem tua chama, nem as reticências a que nos agarramos constroem pontes sem querer.