Cinco contos e uma dose de

Desprezo para ser mais exato; e alguma força vinda de lugar nenhum, para me forçar a tomar gole por gole essa fixação.

Um conto de amor.

Um conto de horror.

Um pouco de horror.

Uma estória de fantasmas.

Um encontro de mentes.

Um pro outro.

Um pouco.

Uma mente, a outra concorda.

Um choque.

Azul ou azul?

dourado ou azul?

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Comecemos por Úrsula. A chamo de Úrsula. Cabelos e dentes e olhos de Úrsula. Chamo de Úrsula o que não tem nome.

Era, e é, o destino mais querido, que em todos os tempos chamaria Úrsula.

No jardim que plantei Úrsula, nasceu flor tão linda que jamais ousei colher.

Nunca precisei tanto me omitir que não desse conta com as vozes na minha cabeça. Vejo fantasmas onde não tem, vejo alma penada.

Fui ter com a assombração, bem na minha frente, linda e cega, e eu parado ali, hipnotizado com tanta fluidez. Sentada no jardim a conversar com uma estátua. E eu parado ali, com medo de ser visto, medo que se tornou pavor, horror, gelo.

Arrepios! Gritei com os olhos, não abri a boca, minhas sobrancelhas estavam mais agitadas que o meu coração, que loucura; meu coração parou.

Morri ali mesmo, em pé. Me lembro de dar dois passos para direita, e um para esquerda. Fixação. Fiquei olhando por baixo, por baixo dos olhos daquela sombra, portanto, não conseguia pensar em mais nada do que em ser visto.

O fantasma, Úrsula, me transpassava com os olhos. Eu não era matéria. Não era eu. Já eu, começava a crer na minha transparência... com o maior desgosto. Só eu me importava em não ser invisível ali. Úrsula simplesmente sorria, horrorosamente.

Toma-me muito ainda, há muito, a punção do seu puríssimo e rabugento silêncio, silêncio sem fim e sem nome, mas que sempre chamarei Úrsula.

As meninas dos olhos de Úrsula, na minha mente, têm mesmo a força da floresta, repleta de úrsulas selvagens, cobras grandes e onças pintadas. E as águas profundas e calientes dos meus olhos nada tiveram a ver com o sal da cegueira de Úrsula.

Nunca vi um fantasma chorar. Mas desde que Úrsula se foi fiquei a pensar no quanto eu queria ter sido visto, que até chorei da última vez que eu precisei te ver. Eu sempre preciso. Eu nunca vi um fantasma dançar. Dancei sozinho, sem música, parado atrás da pia, em cima da árvore, na escadaria. Quantas vezes eu dancei. Na cinco, na seis, na sete.

Ainda ontem acordei assustado, em sonho escutei um grande refrão, grande emoção, era a nossa canção. Poderia ser.

Te fiz rock, te fiz samba, te fiz brega.

Dessas verdades que se esfrega, na cara e na coroa.

O vaticínio me chateia, mas a leniência me consola.

Dar um beijo nela. Na sua mão.

Saudades da luz. Nos seus olhos.

A lágrima pode vir numa noite de verão, num entardecer, na beleza que se põe, na solidão e não. Em março.

Desprezo e silêncio era alegria alegria.

A felicidade ainda mora na mesma rua.

Na sua, na sul.

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Quando eu repeti a 5ª série C, eu não sabia que era o jeito do universo me ensinar que a irreverência custa caro em qualquer galáxia.

Comecei com sete, e agora já faz dez. Com dezessete, quem viu, viu, quem foi, foi.

Foi a última vez que eu vi uma mulher peidando.

Estou tão empolgado em colar grau, mas não estou alheio.

Outro dia eu vi umas meninas me encarando, disfarçando, que eu tive que perguntar qual era. Elas foram tão gentis, que eu fiquei até sem jeito. Pura simpatia. Mulher quando quer, é o cão! Um garoto não entende.

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Coloquei um anúncio nos classificados, procurando uma interessada, uma mulher que pague pra ver. Que tenha bala n'agulha. Daquelas que uma palavra vale um tiro. Que aceite um sábado de sol na praia, mas que não tenha medo de descer e/ou subir a serra. Quero agora, afinal, uma mulher livre, que mude de opinião sobre tudo de dez em dez minutos se quiser, mas que nunca se esqueça que o amor é uma faca de dois legumes. Que me faça feliz como homem. Que me encoraje como a um menino. Que vá em frente, que volte atrás. Que faça o caralho que for para me ver feliz. É isso que vale. O que vale um sorriso, vale um passo adiante. Grosseiramente, resumi assim:

"Rapaz solteiro, hétero, bem humorado, sem filhos, procura uma puta sincera"

Até o dia 27 de fevereiro de 2014, tive 38 respostas; apenas cínicas, nenhuma puta sincera.

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Agradeço a Deus, o Senhor, pela inteligência que tenho e pelo livramento, rogo para encontrar-me com a sabedoria, o perdão e a paz de espírito, louvo o Seu nome por me fazer esperar quando eu só, preso, só penso em desesperar.

Eu matei um homem, mas morreram três e estão feridos cinco.

Ainda estou sangrando, ainda estou sangrento.

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Água ou ouro?

Drachir
Enviado por Drachir em 28/02/2015
Reeditado em 28/02/2015
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