MORTÍFERA

Condeneis a marcha a tocar em vosso velório

Com hálito de chiclete, no rufar das narinas

Sabeis que ali, no esquife úmido

Reinará, por dias, a lapela desbotada;

Uma fúfia parte, uma alíquota de tudo que fora

Nada deverá restar, então.

No ar denso e repelido do adeus

Poucas palavras, no bater da aldrava

Quimeras laxativas ditas pelo pároco

Parentes de Da Vinci em suas megalomaníacas criações

Sabemos que as canções relaxam

E teimam em nos lembrar de que somos lixos.

Ali estático, corre intensa sangria

Gotas de plasma inundam a camisa

É o teu ‘eu’ a se perder, descalço

Entre pares de inverdades, o espasmo derradeiro

De modo certeiro, a Periplaneta infiltra

Rasga a carne ao fungo e às bactérias que chegam para a ceia.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 05/06/2007
Reeditado em 17/11/2008
Código do texto: T514974
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