de incertezas

Cansou de repetir:

"essa paixão do chão não passa"

enquanto a luz entrecortava-se às frestas da janela

os raios de sol pareciam pedacinhos de sonhos

a pairarem no n-a-d-a-D-A-i-l-u-s-ã-o

então, em preces ela se debruçava

e já nem chorava, com a finda a luz

descia às seis da tarde e abraçava a noite

no mesmo minuto em que o trem passava duas ruas acima

ela tomava a dúvida aos goles

pra não se prender à certeza do que poderia não vir

os desejos e alguns versos,

empilhava-os à beira do quarto

para nas noites de insônia

as sombras borrarem as paredes

desenhando com vultos o rosto do 'amado'

ela fechava todas as janelas

com medo da esperança entrar

pois uma vez, por descuido

entrou-lhe numa tempestade o Amor

e nunca mais deixou de fazer estragos.

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 22/02/2015
Código do texto: T5146619
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