NUNCA MAIS ME DIGA APENAS OI...
Ao passar por aqueles olhos, senti que eles me continham,
Uma parte da paisagem, uma vogal, parte de uma rima,
Um chamado de desejo com perfume e armadilha.
Disse-lhe coisas sem sentido, embriagado e ofegante,
Mas de um jeito elegante ainda lhe fiz uma gracinha.
Então surgiu um tímido sorriso, entre o doce e o meigo,
Rebusquei versos na mente querendo ganhar um beijo,
E o pensamento entre devo! Ou não devo!
O difícil é explicar o que aconteceu depois,
Eu cheio de dedos... Apenas lhe disse “oi”.
Em questão de segundos, ou espaço ainda menor,
Num misto de raiva, perda e dó,
Fiquei gelado, picolé de abestalhado,
Um pinguim de geladeira só,
Engasguei com tantas sílabas,
Desarrumado qual mudança num caminhão,
Pedi ajuda a mente que me disse: “Fala aí com o coração”.
E na linguagem mais pura, arrisquei um verso terno,
“Perdoe-me! Assim espero” e rimei com emoção,
Dando-lhe um afago cálido, acanhado,
Imaginando que receberia em troca um beijo, ou dois,
Para minha tristeza ela me respondeu apenas... “Oi!”.
Sentindo-me mais senhor da situação,
Dei-lhe um abraço apertado,
Um selvagem beijo demorado,
Rogando, independente do que viesse depois,
Nunca mais, com esses olhos, me diga apenas “oi”.
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