DOMINGO OCO?
Talvez porque encontrei Clarice no entardecer de um domingo feliz,
Foi que me estranhei com ela...
Vinha num pedaço de papel ao vento,
Com suas palavras (aquelas que são cuspidas aos olhos)...
Veio assim afirmando que os domingos são ocos
E que por serem ocos são detestáveis para ela.
Ah, Lispector!! tenho que discordar de você!!
Que, se os domingos são ocos,
O oco há de estar num toco bem colorido...
Um oco não de trazer tristezas,
Mas oco para ver além...
Porque o domingo, sendo ainda a criança do que é a semana,
Só pode ser cheio de vida!
E, sendo criança, é muito da coisa mais primeira
Que é fonte de geração, e que tanto (agora em comum) ambicionamos!!!
Domingo, para mim, sendo uma criança, sendo começo,
Só pode ter um oco das coisas pesadas da vida...
Oco que fica pra trás, com a semana que se foi,
tão logo a gente faz a faxina na alma....
Oco que a gente enche, preenche...
Domingo é mais uma oportunidade de recomeçar, arriscar, e com sorte,
Acertar nas escolhas do que guardar no oco de domingo,
Até que o próximo chegue outra vez...
Ou, com mais sorte ainda, guardar junto às coisas do SEMPRE!!!