Edmundo
O que é que há, Doroteia?
Vem, vamos tomar um café ali no seu Tino.
As coisas não tem andado bem, eu sei
Mas será que é tudo isso?
Teus olhos se vestiram de tijolos
Cansou tua vista
Nessa tua cara de sorvete de creme
E esses teus cabelos de vassoura
E essas
calma, calma.
Quieta. Escute.
Desce desse salto, fica de pantufas.
O mundo quer que você se equilibre em agulhas? O mundo não quer nada, Doroteia!
O mundo quer comer você, nem que seja nessa pantufa!
Ta, isso não inclui o moço do 22, mas mundo é bem maior que isso!
Não, o moço do 22 nunca te quis.
É, isso aí
Nãaaaao, Doroteia, não faz isso, o mundo te quer! Te quer o coração, te quer o suor, te quer os braços, as pernas, te quer o ventre!
Teus filhos não precisarão mais de ti
Teus peitos cairão
Mas o mundo te quererá ainda
A terra, a terra vai lhe amar de cima abaixo
Mas não apresse isso
Que o amor apressado dói
Doroteia
Doroteia, eu sei que não estou ajudando. Mas esse salto feio também não ajuda.
Lembra que você achava que eu te odiava? Então! Jamais odiei! Já me encrenquei contigo, mas há tempos tirei meus tijolos.
Hoje te amo! Amo-te, Dorothy! Confesso! Mas Desiste desse salto. Nesse salto não da pra te comer direito!
Doro...! Doroteia! Ah. Boba.
Eaí, Judith? Que tal, hein? Ta afins de tomar um café ali no seu Tino?