Agora é tarde... Sei que existes!

Agora é tarde... Sei que existes! Sei que existes e te procuro nos confins do velho mundo novo, para além do horizonte das palavras não ditas, pelos caminhos indiscretos das poesias concebidas na volúpia dos quartos, sob a luz inebriante das lamparinas de um desejo antigo, como quem sabe de cor todas as tuas entranhas e a dimensão do teu silêncio de pedra e cal. Agora é tarde e nossos pensamentos se confundem e se acasalam por entre as sombras do ocaso não findo e se adentram pelas casas de moradia por onde se aproximam as palavras da tua, da minha, das nossas línguas incansáveis e sedentas. Agora é tarde e sei que existes e emerges de todas as coisas que trago em ávida loucura à beira do encontro, na incidência dos dias, na azáfama das nossas idas sem prévio aviso. Ama-me! Agora sei que existes à beira do paraíso como um milagre, à beira do abismo dos nossos delírios, a um passo da fronteira de nós.