Se a órbita da terra sucumbir
Se a órbita da terra chegar a,
Certo dia, sucumbir;
Meu corpo, ao seu passo, tornar-se-á vão, feito o estrado que alinha
E balança, o cosmos universal e do nada;
Meus olhos forem remansos e lentos, feito as paisagens que consolidam a terra,
Minha ternura, então, findar-se-á na consolação
Do “quantum” se vê do arco-íris,
Caso o mundo não seja mais páreo para derrotar
A derrota que, levemente, lhe assola.
E que, detidamente, perfaz
As nuances e estigmas das coisas.
Ver-se-á, assim, que a existência – iludida de toda prepotência que de sua essência lhe é cara,
Não sobrepujará os vértices da escada ilíada (que é própria a toda Existência),
Pois dessa pura realidade jamais alguém escapou.
Sucumbiremos nós, é verdade.
Mas que reflexo terá a terra de toda essa passagem infrutífera e fugaz?
Veremos a nós mesmos, no final, como o que somos ou como a hipótese do que seríamos?
Não sucumbirá a órbita da terra:
Não estamos prontos,
Alarde diante do fato de que a própria prontidão é um devir da nossa própria existência,
E que esse espetáculo ainda não foi enxergado pelo olho secular de nossa (razão?) ilusão.