A PRAÇA E A GRAÇA

Tardinha de terça-feira de carnaval. O calor abafado do verão me levou à pracinha, onde crianças brincam, pessoas conversam, quando um ventinho tímido começa a soprar, balançando a folhagem e aliviando o desconforto da alta temperatura.

Sentado na pequena arquibancada, aprecio uma pelada jogada por alguns garotos, que alheios aos problemas do cotidiano, desfrutam sua inocência, enquanto eu recordava a minha infância, vivida em idênticas condições, entretanto sem as apreensões da violência que hoje somos todos obrigados a vivenciar, sem isentar jovens ou velhos.

Absorto em meus pensamentos, sou chamado atenção pela sirene da viatura policial que ronda a área.

Está anoitecendo, hora do recolhimento, mesmo contra a vontade, pois o frescor da pracinha e o lirismo do ambiente vão ser desperdiçados por força do perigo que representa ficar no local, à noite.

Volto para a minha segurança, fortaleza doméstica, que começa, também, a receber a friagem do sereno vespertino, abdicando da graça

de estar entre pessoas alegres, ar livre e pensamentos edificantes.

Joanilson
Enviado por Joanilson em 18/02/2015
Reeditado em 14/07/2015
Código do texto: T5141285
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