A PRAÇA E A GRAÇA
Tardinha de terça-feira de carnaval. O calor abafado do verão me levou à pracinha, onde crianças brincam, pessoas conversam, quando um ventinho tímido começa a soprar, balançando a folhagem e aliviando o desconforto da alta temperatura.
Sentado na pequena arquibancada, aprecio uma pelada jogada por alguns garotos, que alheios aos problemas do cotidiano, desfrutam sua inocência, enquanto eu recordava a minha infância, vivida em idênticas condições, entretanto sem as apreensões da violência que hoje somos todos obrigados a vivenciar, sem isentar jovens ou velhos.
Absorto em meus pensamentos, sou chamado atenção pela sirene da viatura policial que ronda a área.
Está anoitecendo, hora do recolhimento, mesmo contra a vontade, pois o frescor da pracinha e o lirismo do ambiente vão ser desperdiçados por força do perigo que representa ficar no local, à noite.
Volto para a minha segurança, fortaleza doméstica, que começa, também, a receber a friagem do sereno vespertino, abdicando da graça
de estar entre pessoas alegres, ar livre e pensamentos edificantes.