PEDRA
A pedra, gigantesca diante de mim, tão pequeno, tão menino,
sonhava, sobre ele brincava de escorrega, empurrava meus colegas, desafiava o grito da minha mãe, o olhar contrito do meu pai...
A pedra, minha lembrança eterna, minha música da escola, meu hino do Brasil.
Hoje tão pequena, minha pedra poderosa, não passa de meio metro, mas enorme na memória. Brincava, eu, meu irmão e meus amigos, hoje ainda digo, um prédio de mil andares por todos visto, como tudo superdimensionado por criança, assim mesmo, como uma grande dança,
um menino e uma menina e no meio uma história, cercada de estórias.
Longe vai minha imaginação, alimentando hoje uma razão sem graça, porque a graça maior é a verdade da invenção.
Minha pedra foi-se, melhor, ficou no passado, mas tão potente trajetória, o que ontem foi brinquedo de carente, hoje grita, um passado com um tanto de emoção.
Quem, na minha vida foi pedra, continua firme sob o sol, assim como, pra quem fui pedra, apenas um brinquedo, ou tropeço de dor, releva os fatos tidos, os erros havidos...
Se por engano ou medo, raiva ou desordem, vale muito mais o tempo que resta, que o tempo perdido nesta.