A luta contra o tempo.

Dizem que o tempo cura,

mas nunca acreditei.

"Vai, se liberte" dizem também.

Mas embora eu tente,

não há prece,

não há amém

que te tire de mim.

Já não brigo com as travessuras do tempo,

Mas, nessa soma de desilusões sem fim, sigo.

já que o tormento que guardamos no peito,

apenas adormece,

como aquele paciente em coma,num leito inerte,

vou me desviando do perigo.

Tudo que aquece, também esfria,

se me queimo ou se congelo,

o que sei é que vou vagando,

pois não há encanto,

não há alento, nem elo, que afaste essa agonia.

Como o vento a soprar pelos polos,

ele passa,

repassa,

reconta uma história.

Desfaz a memória e te remonta.

Vez ou outra se esvai pelos poros,

mas ainda assim tortura,

pois mostra em seu tic-tac,

que toda armadura,

num embate, abre espaço para ferida.

E enquanto ele passa,

tal chaga,

se torna talvez menos doída,

na alma faz menos alarde,

como bala de raspão,

ele rasga,

porém a pele grossa,

já denota densa casca,

que não permite recaída.

Então não se engane,

se quiser sobreviver,

permita que a mente entre em pane.

Nasça, cresça,

amadureça por dentro,

porém por favor,

não tenha o intento de fazê-lo acelerar ou retroceder,

pois mesmo quando não o sentires soprar aos ouvidos

ainda assim estará em outros lugares

mas sempre a retornar, para lembrar-te de teus cinco sentidos.

Somos piratas a navegar pelos mares,

ao passar por tormentas,

sucumbimos aos nossos anseios vulgares,

mas ao surgirem as gaivotas esperançosas,

desejo nessa prosa,

que não fuja.

Não lute contra seus trovões,

assuma seus receios,

Encontre domínio em seus poderosos dragões,

insurja-se contra seus padrões,

e quem sabe assim,

ao atravessarmos a porta divinal que separa os mundos,

libertemo-nos de tais grilhões.

Encontremos em novos corações,

o motivo primordial de sermos poetas

e nada terá sido em vão.

Seja a seta,

seja ermitão,

mas nunca um vagabundo a não chorar,

nem sequer titubear,

diante da verdadeira emoção.

Raphael Moura
Enviado por Raphael Moura em 17/02/2015
Reeditado em 11/03/2015
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