TEU SEMBLANTE, MEU ESPELHO
Pulverulenta veste
Teima em me ocultar
(já não sou mais tão meu).
Presunto enlatado, retroativo
Já não tenho dentes a ranger à noite
(queima ao me usar).
Estou sufocado neste parêntese de inferno
Não suporto mais a minha dor
Fere-me com teus olhares enviesados
(ata-me com a fúria e com o gozo)
Desta podridão entorpecida
Deste cadavérico passo que ouço.
(Já não sei muito de ti)
Reluto por essas coisinhas agigantadas
Teu semblante de óculos por trás dos sinos
Verdejam-me, mansamente.
Por tudo que sei e arrebanhei por nós
Solicito às vozes apocalípticas
Que me enterrem na clausura que é remela
Em nome dum sábio
(em nome do espelho).