INADEQUAÇÃO
Parece que a mim foi relegado viver nos extremos.
Ora sou menina birrenta, ora uma velha ranzinza.
Não entendo por que tanta inadequação; tanta confusão dentro dessa minúscula massa cinzenta a qual se convencionou chamar de cérebro.
São tantos nós convivendo com tantas pontas soltas...
Fiapos de memórias
enxurrada de presente
misturados ao meu Eu tão habituado a não ver tudo...
E de tudo só resta-me esse indelével sentimento de inadequação.
Nem tudo me convém, mesmo quando tudo me aprouve.
Nem tudo me faz vibrar, ainda que a música não cesse;
Nem tudo me emociona, ainda que eu conviva com humanos;
Nem tudo me sustém, mesmo estando de pé;
Nem tudo me agrada, ainda que seja eu seja agradável;
Nem tudo me desperta... sofro de hipersonia...
Nem tudo é o que parece ser, mesmo sendo o que sou e me esforçando em não ser....