INADEQUAÇÃO

Parece que a mim foi relegado viver nos extremos.

Ora sou menina birrenta, ora uma velha ranzinza.

Não entendo por que tanta inadequação; tanta confusão dentro dessa minúscula massa cinzenta a qual se convencionou chamar de cérebro.

São tantos nós convivendo com tantas pontas soltas...

Fiapos de memórias

enxurrada de presente

misturados ao meu Eu tão habituado a não ver tudo...

E de tudo só resta-me esse indelével sentimento de inadequação.

Nem tudo me convém, mesmo quando tudo me aprouve.

Nem tudo me faz vibrar, ainda que a música não cesse;

Nem tudo me emociona, ainda que eu conviva com humanos;

Nem tudo me sustém, mesmo estando de pé;

Nem tudo me agrada, ainda que seja eu seja agradável;

Nem tudo me desperta... sofro de hipersonia...

Nem tudo é o que parece ser, mesmo sendo o que sou e me esforçando em não ser....

Suerdes Viana
Enviado por Suerdes Viana em 15/02/2015
Código do texto: T5138203
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