JE NE ME SENS PAS BIEN AVEC TON SILENCE

 

 

 

 

Silenciosa:

 

Eu não me sinto bem com o teu silêncio, o que eu quero dizer agora parece um paradoxo, mas não é, pois esse maldito e teimoso silêncio fez uma algazarra na minha alma.

Vivi esses dias assombrado com o teu fantasma, sentia aquele arrepio do sobrenatural, mas não era de medo, eram as tuas mãos invisíveis em sonhadas carícias.

Por isso, eu não gosto do teu silêncio punitivo, calado, de certa forma, introspectivo, porque entre a palavra que não foi dita e os teus lábios vivem talvez as minhas angústias.

Eu não gosto quando te pões assim, só, retirante, superior, porque assim, eu tenho a impressão que tu vives preocupada somente com as coisas que te rodeiam, e eu não me sinto uma delas.

É no teu olhar de mel transparente que vejo dois estranhos pássaros indecisos e, o teu lindo olhar, quando tu queres, reflete para mim apenas a beleza das estrelas.

Não gosto do teu silêncio monacal, meditativo, porque assim, ficas distante de mim num combate íntimo entre a manhã e a tarde prenunciando o triste crepúsculo.

Nesse silêncio obstinado que eu não gosto, parece que tu vives com alguém escondido em teu olhar e que ainda te fascina.

Quando tu fazes esse silêncio embirrativo e permaneces nessas profundezas calada, eu não consigo saber mais se realmente me queres.

O teu silêncio como uma punição a mim imposta, martiriza e me deixa hesitante, pois o amor que penso nutrir por ti se inibe, retraindo-se.

Nada deves a alguém e nem tão pouco a mim que te quero tanto!

Por que o teu silêncio?

Je ne me sens pas bien avec ton silence, por isso preciso urgente da tua palavra cheia de afeto e suave, mas, ao mesmo tempo, forte como o vento de verão que arrasta as nuvens e leva as folhas secas de outono.

Rompe o teu silêncio e diga que ainda me quer!

Aí sim, faremos silêncio nós dois e a quatro lábios falaremos somente a linguagem universal do amor.

Apenas os nossos lábios falarão códigos de amor, e eu sentirei o teu hálito perfumado a se misturar com o meu e, subjugados ante a incoercível libido, nos entregaremos numa profusão de eternas carícias.

Eu prometo que se romperes o teu silêncio, amar-te-ei para sempre e voltarei a escrever canções de amor somente para ti.

Endeusar-te-ei em meus poemas e, quando estiver longe de ti, somente para ti comporei.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 04/06/2007
Código do texto: T513683