SOU A PAIXÃO

Meu nome é paixão. Tenho várias formas de ser e funcionar, depende de quem me receba. Enfrento momentos de profunda reflexão sobre a melhor decisão a ser tomada ou o melhor caminho a seguir. Vivo na anti-sala do ideal, chegando a ser a transição entre a busca e o conseguir. O sol, a luz, o luar e o mar existem dentro de mim. Sou só coração quando amo. Sou a busca constante de uma regulação física e emocional. Mas, posso ser a calmaria de um mar de escoteiro, ou os vendavais emocionais, o nevoeiro dos nevoeiros. Tento esconder-me das imperfeições de quem me hospeda, posso fazer alguém tornar-se um andarilho esfarrapado de corpo suado, de pés descalços, caminhando sem destino, sozinho, mas não solitário, é claro ! Sou assim, carinho, afeto, compreensão, discrição, imparcialidade, sou bondade e a saudade da felicidade que se fez, veículo e transporte de mim, de respostas à vezes incondicionadas. Sou corpo impregnado de emoção, mente que padece, o clamor da alma feliz que se exalta diante do inusitado, sou consolo diante da dor, a chama acesa na escuridão, a vela que se apaga em plena euforia dos ventos, a vela da embarcação arrebentando-se em pleno maremoto, sou o o momento, o tridente do rei Netuno, a embarcação à deriva, o veneno do escorpião, o doce e o amargo, o zarpão do pescador, a fina flor que enternece, sou o ruído, o zumbido e a contramão, o certo e o errado, o seco e o molhado, o tenente e o soldado, amante, amado, domesticado, amestrado, condicionado ao presente, descrente, casado e separado, desafortunado das queixas vãs, o divã da reflexão, o pensamento que vagueia, o delírio da inspiração, a sonda prospectante, a vida itinerante, o presságio do acontecimento, a saudade que se sente, a gota de orvalho nas manhãs, a lágrima que assola o rosto enternecido, o visgo, o grito, o alarido das reclamações, o contrário das ambições desmedidas, a vida que clama por socorro, sou o próprio choro, sou alegria ou tristeza, sou vontade, amizade acima do querer, sou eu e sou você, dependendo do momento, sou o tempo que resta, sou o tempo que se foi, posso ser os dois, dependendo de minhas necessidades, sou ternura e a aventura dos que se lançam em busca de novos horizontes, sou o instante do prazer, o querer que não satisfaz, audaz aos meus pensamentos, não importa o momento, apostando sempre num maior discernimento, sem compromisso com a eternidade, nem a saudade que se possa ter, no fundo sou igual a você, o resto só importa se deixarmos abertas as portas da bondade, respeito e lealdade, compreensão, às vezes me chamam de amor, mas eu sou verdadeiramente a paixão.