[Menos que um cão]

02h45... e tudo em paz sobre a noite criminosa do Desterro!

Ao longe, os cães latem para o Incompreensível que lhes toca perceber.

E penso: quando a asa escura do Incompreensível me toca,

a minha reação não é, historicamente, nada melhor [ou superior] a dos cães,

pois, sem o dom de latir, eu apenas escrevo, e isto nunca me basta!

Diferente dos cães, eu não tenho talento para espalhar mistérios na noite erma,

eu já disse: eu apenas e tão somente escrevo!

Ah, em tempo: nenhum galo cantou ainda...

nem mesmo aquele que erra [será?] a hora.

Mas é óbvio [ou deveria ser]: na Natureza, cada coisa ocupa o seu lugar!

E a Natureza é mesmo inflexível:

quem nasceu para galo não tem talento para cão,

e quanto àquele que [se] julga ter nascido poeta,

ah, este então... coitado: vale menos que um cão!

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[Desterro, 12 de fevereiro de 2015]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 13/02/2015
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