Lembranças do meu pai
A chuva caia pesada escorrendo pelo vidro.
O relógio carrilhão já estava a esbarrar na meia noite.
eu olhava atentamente um inseto que insistia em carregar outro menor.
Meu pensamento era a música de infância,
cantada pelo meu pai quando eu ainda era uma criança,
o som da voz dele... ponderada e levemente rouca recordava-me coisas agradáveis e puras.
Foi uma doce lembrança de seus cabelos brancos,
de seus olhos azuis esverdeados, lembrando o passado em contos felizes.
Lembrei dos trovões que bradavam com o tempo,
intercalando os relampados, que brilhavam em meus olhos curiosos de criança.
O chá que eu sempre pingava o leite e molhava os biscoitos de mel.
Meu pai, sempre com um sorriso no rosto me apertando o nariz.
Sempre me dizia que era um leão branco, sempre observando tudo.
Foi uma lembrança e tanto... senti falta de suas suaves mãos,
desenrolando os caracóis dos meus cabelos.
Levantei-me e fechei a janela, já não tinha mais graça.
A chuva parou e os trovões foram alardear noutro lugar.
Não tinha mais graça eu cresci e
meu pai, já não estava mais lá a cantar.