O CAMINHAR DE UM SONHO

De repente, um sonho...

Envolvente, medonho, daqueles que mexem com o ser sem querer. Surgindo do inesperado prossegue em busca da vitória, tendo como suportes a vontade e a esperança de chegar. Empurra os fios da teia da razão aos últimos limiares de elasticidade que possam suportar. Aqui ou ali, em qualquer lugar, ocorre uma transição de pensamentos pela quebra de modelos de vida habitualmente consentida. Simultaneamente, as influências aos argumentos e concepções variáveis de pensamentos bombardeiam o estilo de vida rotineiro . Estimula-se a atenção aos valores culturais do meio, aflorando também o receio de não perder de vista a conquista prenunciada. Ao mesmo tempo, os receptores sensoriais em geral, vão atuando em regime de prontidão no mais alto grau de alerta e na contramão da maioria dos processos racionais. Tanto faz. O cérebro nem se importa, amplia sua influência muito além dos meios conhecidos de percepção, incita olhares cada vez mais atentos aos valores em voga e detalhes das ações possíveis do ser. Trata-se de um querer que desatina e abomina toda e qualquer forma de intenção oposta ao objetivo sonhado. Abrem-se as portas da reflexão para a entrada de fatores como a detecção do conhecimento e a interpretação das ações a serem delineadas na busca de sintonia mental entre o antes e o depois. O estado de tensão cada vez mais crescente conduz o ser a duvidar daquilo que realmente sente, levando-o ao desfrute de caminhos inebriantes, assessorados de volúpias materiais. Chafarizes de ondas emocionais partem do âmago do ser, induzindo um gotejar frequente de pingos emocionais, como as águas da chuva escorrendo em contornos pelo chão, descrevendo um redesenhar de imagens formadas pelo pincel específico da força dos ventos até se esconderem ao longo dos meandros físicos da superfície. As reações promovem a transformação de moléculas responsáveis pela vida, gerando um verdadeiro delírio diante da formulação de uma nova utopia. Aflito... o corpo embora alquebrado e entorpecido aos desvarios assumidos pela busca, sofre a necessidade da cura e a amargura do castigo imposto, apesar de necessário.

Sensação de um verdadeiro vendaval de coisas abstratas tomando conta do cenário mental e se aniquilando no silêncio da incompreensão dos fenômenos. Compara-se a relação entre o querer e o conquistar como se fossem um verdadeiro embate entre a razão e a emoção. Onde as aparências impostas pela razão valem mais que a verdadeira plenitude das coisas.

Um ser real, conforme o nosso olhar, almeja , sofre, e se martiriza diante dos atropelos, mas, que transcende as circunstâncias em que se encontra pelo anseio sublime da quebra de paradigmas obsoletos. Também partindo das camadas mais profundas da emoção, borbulham interrogações, como fogos cerimoniais que se derramam e se materializam em imagens efêmeras, causando contemplação e contentamento fortuito, que servem de alerta ao ser no sentido de induzir perspectivas de mudanças e a satisfação de desejos. Por dentro ainda, os impulsos nervosos invadem sinapses complexas, estimulando através de sua química o desenvolvimento de reflexos orientados pelo centro do sistema. Usufruto do imaginário fluindo em ondas nervosas inconscientes. É a dúvida e o receio do sofrer que se tornam antitéticos aos delírios do prazer. É a luz cintilante da mudança iluminando a linha imaginária do horizonte emocional. É o sentimento priorizado, esgotante, e influenciável, resgatando forças, motivando novos pensamentos. É o mundo e o tempo exterior à espreita de uma nova jornada de vida, visualizada bruscamente da janela aberta dos sonhos que se desejam. É o tempo correndo solto, absorto em seu rito natural, revirando páginas, modificando datas e estações, ensejando prazos e determinando ações. Tentativa obstinada do corpo e mente encontrarem-se no altar da sintonia do equilíbrio. Painel da vida em redor. Novos tormentos vão se abrindo e surgindo alterações no interior do ser. Adrenalina formigando e avançando nos vasos que a conduzem, singrando em jorros rítmicos os mares da circulação, patrocinando emoções que se revelam à flor da pele, eriçando pelos, ruborizando rostos a cada impressão, impulsionando passos em direção à nave das emoções. Vontades e desejos vão se sobrepondo aos fatores refratários. Força emocional do coração. Contagem regressiva iniciada, sensação moribunda, dor lascívia do querer, lembranças algozes. Ímpetos de um navegar como o de uma flecha atirada em direção ao alvo escolhido... esvoaçante, rasgando o espaço livre sem perder a força, carregando o endereço do sonho revelado na imensidão dos caminhos da vida. Flocos de nuvens, luzes da esperança despontam. Sensação de zumbido parecido com o som das turbinas de avião, revolução cardíaca é o que se sente, auscultação, deglutição na mudança de pressão . Certeza de um caminhar constante, distante da partida, inaugurando rotas desconhecidas, sibilando ruídos de alegria. Sabedoria absorvida em busca da tão sonhada vitória, aquarela de cores da paisagem, recheio de glórias em cada gesto, beleza da flor do deserto, sensação de resistência tomando conta do corpo como a secular Dracena. Referências de apreço e agradecimentos à mãe Lucy, flor matriz da humanidade, gotas de lágrimas de umidade decorando a visão dos vidros nas janelas da máquina dos sonhos, aurora resplandecente de um novo dia, o sol e a luz revelando um desabrochar do riso, traços e retraços enaltecem a beleza de uma nova tela pintada no universo da ilusão. Caprichos na ascensão de um novo dia, paraísos da alegria, sensação de chegada. Liberação da pressão, equilíbrio dos meios, cabeceira da pista avistada, descida consentida. Chegada suave no Panteão da fantasia, satisfações solenes de miragens se desfazem, passagem e plenitude de um novo querer dentro do próprio ser. Dos olhos, vertem-se lágrimas ao encanto indescritível do momento, refaz-se o clima enriquecido e que fala por dentro da alma. Paulatinamente, identifica-se a existência de uma imagem no nevoeiro da paisagem. O ser, de olhos fechados, parado, sente a brisa que toca em seu peito num sussurro dos ventos só compreendido pelo coração. É a descoberta do amor. É o exercício da paixão. É a vida enriquecida através dos sonhos, medonhos, seja lá como for, mas, que traz em sua viagem a bagagem de uma vida peregrina em busca da perfeição. “Célula matriz” de toda ação humana em busca do sonho de felicidade.

Paullo Carneiro
Enviado por Paullo Carneiro em 11/02/2015
Reeditado em 03/02/2017
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