Lentamente meu coração acelera

Lentamente meu coração acelera, amedronta-se, procura-te como um porto seguro. Mas a cais está vazia e se tiveres que ir, que seja pelos secretos entusiasmos que te põe feliz por entre as coisas justas, se tiveres que ir, que guardes o nosso amor como fonte de luz ardente, como passagem certa no final do teu sorriso, como o aroma das flores de abril e como o silêncio que deixaste recostado na tristeza dos teus olhos quando em busca do amor que não tivemos, para além do horizonte dos espaços do teu corpo aberto. Lentamente meu coração acelera e o nosso amor resiste nas coisas que retirei de nós e finquei como raiz por dentro do peito. Então amor, se tiveres que ir, vá, mas não te demores onde não haja o brilho dos meus olhos nem o sabor das nossas letras que se unem em poemas atados em nós, não te demores onde não possas reconhecer-te na procura de ti mesmo, onde não haja amor, onde não haja compaixão. Respira-me! Para que possamos nos embriagar de presença, emaranhados em nós, para que possamos, enfim, nos debruçar como crianças no parapeito das nossas janelas e atravessar essa latente ponte de estrelas, da minha casa à tua.