QUANTO TEMPO... AH, QUANTO TEMPO... E ELE... QUEM ERA MESMO?


Não. Não havia tranquilidade naquela caminhada, nem em mim nem tampouco nele, a sensação que eu tinha era de que formávamos um belo par de mudos estranhos caminhando lado a lado. Sentia as minhas mãos crispadas e um desejo quase incontido de  segurar aquela mão que roçava na minha, mas o dono dela não demonstrava esse mesmo desejo, pelo contrário, era como se pressentisse o meu gesto e o repelisse; pelo  menos era no  que eu acreditava.. Assim caminhávamos: apreensivos e inseguros. Aquele momento  a sós não era nosso, era  roubado, não  pertencíamos um ao outro,   logo, logo ele partiria. E eu o que  faria  depois de sua partida? O esqueceria? Afinal, nem nos conhecíamos!  Nunca nos vimos antes! Mas com certeza depois dessa aventura inconseqüente, inesperada, se eu seguir os meus impulsos, me tornarei nômade, transformarei a minha vida num barco  e me jogarei mar afora à deriva, sem bússola e nenhum timoneiro. Partirei em busca de  outros mares. Que venham as tempestades, as  calmarias, os  icebergs. Não quero avistar nenhum farol pra me guiar; se o vento e as correntezas me arrastarem, pouco importa onde vá  bater com os  costados.
Quanto tempo... Ah, quanto tempo...E ele... Quem era mesmo?

 
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 09/02/2015
Reeditado em 09/02/2015
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