Tertúlias Alcoólicas
Ah, meu velho amigo
Faz tempo que me acompanha, que me beija
Sabe quanto tempo faz que nos encontramos?
Desde o dia que ela me abandonou.
Desde aquele dia, você está sempre comigo.
Você, sim, é companheiro:
Nunca me largou, mesmo quando choro
Com você, já falei tanta coisa, já chorei tanta lágrima,
Mas você nunca me abandonou. Ouviu sempre calado
cada palavra, viu e ouviu meus lamentos.
Você, sim, é amigo, é companheiro.
Nunca me censurou pelos meus rabiscos no papel,
Nunca contrariou uma queixa, uma saudade.
Ah, meu velho amigo
Pensa que me esqueço, pensa que não sei:
Você é companheiro.
Lembra o dia em que me pus a gritar o nome dela?
Lembra quando teimei que aquela mulher no balcão era ela?
Ó, levei uns sopapos do cara que estava com ela,
Não dei ouvidos a você, ali preso na minha mão;
Não entendi que você queria que eu ficasse ali, mas não, sai
e pronto...armei confusão.
Mas mesmo assim, você não me largou.
Você é amigo, é companheiro, sempre comigo.
É meu amigo, meu velho amigo
Me acharão louco
Por estar falando com um copo.