DELÍRIO DE NÁUFRAGO de: Osmarosman Aedo
A águia que caça o peixe
Numa acrobacia espetacular,
Não é predadora
Simplesmente luta pela sobrevivência.
Não quer dizer que o homem,
Ache-se no direito de invadir o oceano
E deprede espécies achando-se o ser
Mais esfomeado da Terra, concorda?
Já o peixe que mora n’água
E pouco ou nada vê das peripécias das águias,
Fáceis presas são, sendo das garras do avião
Que mergulha profundo com fome e razão.
Não quer dizer que o homem (águia e avião),
Só veja vantagem enquanto os que nadam inocentes
Enreda-se em suas afiadas garras
Que só enxerga lucro aonde lucro é afiançado.
Águia que voa com fome;
Peixe que nada com sono;
Fome que voa pra morte;
Sono que peixe não morde;
Homem que rede não recolhe joga
E garras que pede com honra e agarra firme a presa,
Navegam num barco sem rumo
Ao encontro d’um espesso nevoeiro de noite doente
Em sua última viagem, datada de dias de tempestade. Derivo.