DICOTOMIA...

Dois caminhos e nenhum rumo, Duas portas e nenhuma saída,

Duas janelas escancaradas E nem sol e nem lua clareiam.

Duas insistências infelizes Uma resistência de entrega,

Uma persistência no mesmo erro...

Eu preciso decidir por onde ir.

Estes caminhos se fecharam sobre si mesmos, Estas portas foram lacradas na demência, Estas janelas dão para abismos

há uma incongruência em tentativas.

Tornou sórdida minha entrega, Por não ter sido sentida em sua real dimensão, Apenas um consentimento por vago interesse,

E naquele momento eu desnudava minha alma, Aquela gentileza do meu coração era genuína, Mas foi lançada junto às brasas da lareira,

Derreteu e evaporou pela chaminé colorida.

Tentei ir além do que poderia e fui, E tentei mais e mais até não poder mais, Porque furtei do meu coração o que já nem havia,

Expliquei as mesmas cores detalhadamente,

Narrei os mesmos fatos velhos com cuidado,

E comi sem sentir o sabor do mesmo doce enjoativo.

A radioatividade daqueles gestos alheios me contaminou,

E adoeci no vértice que se abria a minha frente, E me cansei de tentar escolhas inúteis, E desisti daqueles caminhos que a mim se apresentavam.

Optei pela segurança do meu quarto em silêncio,

A espera que minhas asas se renovem, E refazendo-me voarei pelo sótão da minha alma, Na certeza que há muitos e muitos caminhos

Mas que só posso ver do alto da minha agonia.

E é por ele que irei livre de antiguidades, Descansada da rotina da dor que se tornou companheira.

Sairei desta transformação a qual me dei em rumo ao desconhecido

Ao sabor de novidades que ainda não ocorreram.

Nenhum dos dois caminhos que estão diante de mim agora será percorrido, Morrerão sufocados pela beleza da mata, mas eu renascerei...