O bilionário da loteria
Com a pertinácia de um Tio Patinhas ao mergulhar na sua piscina-cofre de moedas, o homem passa os dias a contar dinheiro.
Ganhou bilhões na loteria ainda jovem, aos 20 anos e não gasta nem um centavo. Fez aplicações, comprou ações, investiu, multiplicou a soma do que tinha. Mas ainda assim vive uma vida espartana. Não gasta coisa alguma. Em-briagado pelo gosto de fazer dinheiro, ele compra mega-corporações e as faz ainda maiores.
Não sai nem um centavo do seu bolso. Mas a sua conta bancária é voluptuosa. Possui ilhas no litoral da Oceania, mas não as visita por medo de perder dinheiro.
Quando envelheceu, quis esbanjar. Morreu, já idoso, no dia em que deu a primeira festa em comemoração ao bilhete de loteria que lhe deu uma fortuna há 40 anos atrás.
Seu epitáfio dizia:
“Aqui jaz o homem mais rico do mundo,
ganhou tudo o que podia carregar: dinheiro.
Perdeu apenas o que não podia carregar: vida.”