DÊ AUTONOMIA AO SINO

Pela lei do inquilinato, o locatário não é dono,

E pode sofrer um abandono, como fiel depositário,

Isto também vale pra vida, onde o nosso criador,

Por um ato de amor, nos dá o sopro do existir,

Mas somos sujeitos a partir, sem ter direitos a questionar,

Mesmo depois de nos salvar, das pirambeiras do inferno,

Nosso Deus não é moderno, e segue os tramites a risca,

Quem não se fizer boa bisca, vai varar as profundezas,

Das maldições aviltantes, que nos chama a todo instante,

Nas portas dos cabarés, onde homens e mulheres

Se prostituem a miúdo, eu já evitei o quanto pude,

Mas ah uma chama acesa, neste meu lado mundano,

A minha luta é tirana, para não ceder uma vez,

Porque se não fico freguês, dos fetiches de uma odalisca,

Que carrega a sua isca bem ali no vão das pernas,

Esta perversa armadilha, nos afaga e nos judia,

Nos mata e nos faz a festa.

Dê autonomia ao sino, desprenda o seu badalo,

Quando preso ele não fala, o que a gente quer ouvir,

Não precisas dirigir, teus pensamentos diversos,

Pois o amor é um processo, que tem que ser maturado,

E um ser amargurado, com seus desejos retidos,

É como um queijo curtido, que nunca foi defumado,

Abra as portas da alma, receba o querer com calma,

Depois o coloque em testes, faça a fusão dos dois corpos,

E veja se suam frio, se as pernas ficam molengas,

Ou se a voz desparece, quando ele te pergunta,

Posso beijar tua nuca, descendo pelos teus seios,

Quero sentir teus pentelhos, saber se ainda estais enxutas.

LUSO POEMAS 04/02/15