Ao nascer solfejam os tambores e as trombetas, anunciando a vida.
Escutam-se a seguir os clarins dos risos e a flauta doce dos sonhos.
Crescemos ao som de tambores.
As trombetas irrompem, os clarins tocam mais baixo e estremecem os primeiros violinos, com os arcos gemendo, ainda de leve, na tristeza das cordas.
Na juventude trinam as guitarras e cantam as violas, de amores, desejos.
O piano ressoa e a flauta assobia. Desta feita redobra o ribombar dos tambores,numa percussão contínua, de marcha.
Nascem os filhos, o timbre dos tambores cresce, guitarras tocam baixinho e sobressalta o bombo.
O bombo! O bombo! O bombo!
A bateria irrompe em todo o fulgor, dominando a orquestra.
Os filhos crescem e vão; a juventude passou.
Afogaram-se as guitarras.
Os tambores retumbam ainda, se bem que lentos e leves.
Gemem os violinos e choram de saudade os contra-baixos.
Na velhice, lastima-se o órgão.
Os tambores cessam.
Soam alguns violinos e os clarinetes estremecem,
... No Toque do Silêncio.