Doses e petiscos
A cada dose anestesio uma dor incurável.
E quantas são estas dores que nós temos?
Poucas ou muitas. Uns mais, outros menos. Infinitas...
Pois é! Eu não resolvi o problema nem tampouco preocupo-me com os cernes das questões vitais.
A cada dose alivio uma angústia. Que boa sensação!
Onde estou? Onde estarão?
Será que sou sujo e cruel? Ou será que a maldade tomou conta do meu ser?
Será que não sou nada, ou apenas um pobre fracassado sem razão.
Traga-me mais petiscos para que eu possa alimentar ainda mais esta vontade louca de sentir ilusão.
Caí no abismo da inexatidão.
É meu amigo, não tive forças e nem armas para lutar.
O mundo não é nada bom. Ele não para de girar. Não nos dá um tempo.
Estive em tempos de ritmos velozes e a exaustão me consumiu.
O mundo não para meu irmão!
Um segundo, uma mercadoria lançada para fora do ventre que a protege.
Se vira e luta para sobreviver. Sobrevive para poder lutar.
Estou lúcido? Estou em paz? Hã?
- Por favor amigo, uma outra dose e mais alguns petiscos!