Doses e petiscos

A cada dose anestesio uma dor incurável.

E quantas são estas dores que nós temos?

Poucas ou muitas. Uns mais, outros menos. Infinitas...

Pois é! Eu não resolvi o problema nem tampouco preocupo-me com os cernes das questões vitais.

A cada dose alivio uma angústia. Que boa sensação!

Onde estou? Onde estarão?

Será que sou sujo e cruel? Ou será que a maldade tomou conta do meu ser?

Será que não sou nada, ou apenas um pobre fracassado sem razão.

Traga-me mais petiscos para que eu possa alimentar ainda mais esta vontade louca de sentir ilusão.

Caí no abismo da inexatidão.

É meu amigo, não tive forças e nem armas para lutar.

O mundo não é nada bom. Ele não para de girar. Não nos dá um tempo.

Estive em tempos de ritmos velozes e a exaustão me consumiu.

O mundo não para meu irmão!

Um segundo, uma mercadoria lançada para fora do ventre que a protege.

Se vira e luta para sobreviver. Sobrevive para poder lutar.

Estou lúcido? Estou em paz? Hã?

- Por favor amigo, uma outra dose e mais alguns petiscos!

David Pimentel
Enviado por David Pimentel em 02/02/2015
Código do texto: T5123775
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