O soldado questionador
A guerra, como toda ação beligerante, é considerada quando não existem alternativas diplomáticas e pacíficas, disse o general aos seus comandados.
– E quando a aniquilação total e irrestrita de um povo é considerada? – Perguntou Cláudio, um dos solda-dos.
– Como assim, recruta?
– Quando consideramos utilizar mísseis nucleares?
São uma opção?
– As forças armadas brasileiras não dispõem desse armamento.
– Mas qual o nosso posicionamento? Nações amigas os possuem ainda...
– Não consideramos isso, soldado. São circuns-tâncias de um conflito. Não há uma decisão padrão para esse caso.
– Então não deveria ser padrão aniquilar um indivíduo que é um representante de um povo, também.
O general não confirmou e nem discordou. O comen-tário gerou risadinhas e conversas paralelas na tropa, logo abafadas.
39
O comandante resmungou e continuou as expli-cações.
A argumentação chegou ao alto comando.
Cláudio foi afastado e promovido, semanas depois, para um posto, meramente administrativo, num local distante...