Poema.

Um dilema

sobe insistentemente

Dentro da minha alma.

Misturado com a flácida e a falácia carne,

talvez como calma

ou sopro na palma das minhas veias vazas.

Lá fora existe nada. Fora, a inalterável métrica

onde nascem sílabas dos raios de silício

lembrando raízes de virtudes.

Intrínseco, paz errônea e folhagem estética

do nosso suplício,

rimas, o maior relevo e rudes

pedras fingindo silêncio leal

no tempo factual.

E o tema surge migando tudo no seu abraço.

E já nada o forçará a desmembrar.

Impenetrável, robusto,

alaga as brumas plantadas de arbusto

e a cruz e o altar,

inunda a índole da hipérbole

e a praça manchada p'lo estigma

e a livre e solta analogia da metáfora.

Por dentro a máquina complexa implora

o desfecho do enigma...

- E o poema vem-se entre a pele e a horas.

Carlos de Carvalho ^ Pink
Enviado por Carlos de Carvalho ^ Pink em 01/02/2015
Reeditado em 17/02/2015
Código do texto: T5121942
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