Poema.
Um dilema
sobe insistentemente
Dentro da minha alma.
Misturado com a flácida e a falácia carne,
talvez como calma
ou sopro na palma das minhas veias vazas.
Lá fora existe nada. Fora, a inalterável métrica
onde nascem sílabas dos raios de silício
lembrando raízes de virtudes.
Intrínseco, paz errônea e folhagem estética
do nosso suplício,
rimas, o maior relevo e rudes
pedras fingindo silêncio leal
no tempo factual.
E o tema surge migando tudo no seu abraço.
E já nada o forçará a desmembrar.
Impenetrável, robusto,
alaga as brumas plantadas de arbusto
e a cruz e o altar,
inunda a índole da hipérbole
e a praça manchada p'lo estigma
e a livre e solta analogia da metáfora.
Por dentro a máquina complexa implora
o desfecho do enigma...
- E o poema vem-se entre a pele e a horas.