Jaguariúna e o seu brasão
Ávido por uma boa história o jornalista descreve a cena do crime em Jaguariúna. E o colunista tece comentários sobre o que aconteceu. Mas o que houve nessa região do Estado de São Paulo? Uma violência, uma barbaridade.
Muitos correram a chamar a polícia, outros organizaram protestos. Incendiaram-se ônibus, des-truíram-se estabelecimentos comerciais. Tudo por causa do bom nome da cidade. Exclusivamente por causa do nome. Como assim por causa do nome?
Cortaram fora a etimologia tupi.
Se o seu nome significa rio preto das onças, foi um crime colocar no brasão do município uma onça preta ao lado de um rio azul. O correto seria o brasão mostrar uma onça comum ao lado de um rio negro. Clama-se por justiça.
A iconografia de Jaguariúna não pode ser assim aviltada. Isso traz tantos e tão grandes inconvenientes à sua população como ter suas ruas interditadas e um decreto
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de calamidade pública pelo prefeito. Afinal não é a onça que é negra; é o rio que é negro.
Carregam-se barricadas, quebram-se vidraças. Palavras de ordem dos populares contra o brasão.
O caos recomeça.
Convoca-se a brigada do exército para aplacar a fúria dos manifestantes. A turba só foi ser acalmada com o uso de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
Podia não ter ocorrido nada se o artista gráfico não tivesse errado na realização do brasão. Mas o jornalista achou uma boa história e o colunista teceu longos comentários com uma chamada na primeira página do jornal de segunda-feira.