Andamos nos apanhando no crepúsculo

Andamos nos apanhando no crepúsculo, por este céu que me emprestas depois das tuas destroçadas horas, quando as luzes dos teus caminhos se acendem e nos meus ainda há uma fresta de luz. Andamos a nos permitir por entre o silêncio de tudo o que é teu e meu, a esperar uma palavra que seja, algo diferente que inunde a cidade dos nossos passos, de nossa respiração cadenciada por entre as lágrimas da plenitude de nós. Andamos nos apanhando até desembocarmos em nós numa partilha mútua de inteirezas e o teu e o meu, o nosso amor tem o gosto dos ávidos quereres dos oceanos e os silenciosos caminhos das nossas ilhas ao cair da madrugada, e tem o gosto de uma saudade próxima a findar-se e o princípio de uma primavera a fincar um prumo às nossas naus errantes de nós.