Horas poucas
Achega-se a noite em que ficas sós, tu e a luz da lua! E fico só, eu e os sons da rua. Calado, a ouvir tristes passos de moribundos a vagar, no vai e vêm das rotineiras horas, poucas, dos que vão às fabricas, as praças, as casas... Dos enfim asilos temporãos.
E tu que observo a observar a lua, cantarolando quase muda, versos de uma canção que lhe vem com a saudade dilacerante, de uma jovem noite que passou vestida desta mesma luz e toques outros divinais.
Ah! Horas estas que também ralho com meus pensamentos, que se vira contra mim! Acalentando-se de tormentos, de saudades tantas deste mesmo luar.
E observo-te silenciar, a cerrar os olhos e suspirar profundo! Como o que, se todo o mundo fosse só aquela noite, de tristes frases e adeus.
Desperta pelo vento ajusta-te de teus pensamentos e de teu assento toma fuga, pro agora que é tão nu. E sigo a passos largos, misturando-me as horas poucas, deste ir que nunca volta com tamanha intensidade.
Sempre presente e despercebida fica a sós o sons da rua, a luz da lua e o vento! A embalar os pensamentos, que não nos deixam esquecer.
........... “ Catarino Salvador “.