Narrativa caipirês sobre o livro "Olha Procê Vê!"
Um tar de Wag me convidô, pra iscrevê num livrinho chamado Olha Procê Vê!
Oiei bem os retrato qui tava istampado no paper, pensei!
Uai isto num é difici,vô cumeçá purêsse sanfonêro,gostei da cara dêll.
Iscrivi sobre os casórios qui tinha lá na minha roça,condo meu povo, intão fazia uma festança danada.
Os namorado ficava de longe oiano as mocinha, condefé garrava uma inha dançá,as bruinha de fubá feita com cinza de fugão a lenha,pramode que num tinha,fermento.
As vêiz punha um bicarbonato de sódio,e aquilo dava uma azia danada no povo,era prumode que a cinza ,qui era usada pra fazê sabão da terra, de osso de animar morto. O povo punha tomém na brôa.
Fui mais adiante ,dei de cara cum armário improvisado num casebre, de porta prus fundo da casa,cumeçei iscutar os grito do porquinho,coitado do bichinho gritava por dimais condo o matadô infiava a faca dibaxo du suvaco dêll, tinha tomém umas minina passiano morro abaixo atrais de terra ,pramode fazer namoradêra,no cabelo uma trança bunita de dá gosto.
Rivirei mais um tiquim e achei uma doninha triste coitada, inté paricia querê chorá, pru causa da vida difici.
O Ilia da D’Nana,tava de oio neu!
Paricia num querê muito, aquilo qui eu tava iscreveno, adispois ele e eu entramo nos eixo e, a coisa andô de uma tar manêra.
No livrinho tinha tomém um homi cuma navaia na mão, cum sorriso mei triste, isperano o freguêis pra mais uma barba fazê.
Minha cabeça qui num anda divagá pensô nu qui pudia miorá, disinbestei a iscrevê as coisa lá da minha roça.
As fuguêra, us munhi d`água, os ingeinh de rapadura,cada foia qui eu passava a coisa ficava mió.
Tinha um veio freveno água numa chalirinha ,um fugãozim feio de dá dó,ele paricia que pensava no tempo e nas vorta qui ele dá.
Tarvêis ele quiria namorá a dona da sanfona,pois ela infeitava a casa cumas rosa bunita sô! Uma curtina de crochê, pindurada na porta,paricia estar Isperando arguém.
A dispois na zôtras foia, tinha umas broinha na paia de banana,o povo chama isso de cubo,(esse é qui o povo punha a danada da cinza).
Êlls socava o arroiz no pilão pru armoço e asvêiz, socava tomém o café,o mio cuhido no quintar ou na horta de bambu,apertava a massa da mandioca,no tipiti, dispois torrava a farinha e vindia prus povo da cidade.
Midia o ” enche tripa” no prato ismartado, qui dava mais ou menos um litro.
Condo de vêiz argum tinha uma midida de quarta pramode midi o mio e fubá.
Nas foia siguinte cumeçô aparecê uns tacho de melado freveno aquelas gotas, cristalinas!
Me vi no canaviar,juntano os fexe de cana no lombo do burro,o coitado ia gemeno sob o peso inté o ingeim.
Os amigo fôro ficando animado coas iscrita, tinha um tar de Eliés,que me dava inspiração, o Wag me incorajava, dizia pra eu num disanimá que a coisa inha dá certo.
Mais nunhé qui tava dano!
Me deparei cuma sinhora magrinha coitada oiano pur ditrais da cerca, ela inha vendê a lenha na cidade,pras fuguêra de São João.
Sô Tunico o criador de cabras, pindurava uma canga na coitada, pramode ela num cumê a prantação,a fazedeira de bordado que isperava um rebento, vivia bordano uns paninh, trançando a vida e os sonhos,com as cores do tempo.
Lá no sitio dela tinha uns patim namoradô que infeitava o lago ,ela tomém gostava de prantar cactos na boca das cerâmicas, pra infeitá a vida.
E as rezadêra !
Incontrei nas foia do livrinho,benzendo água, pra curá as duença do povo do lugar, inquanto azôtra binzia com foia de arruda e guiné,os mar oiado da mocinha casamenteira.
Foi aí qui me dei conta do mar que já tava pronto,eu virei iscritôra iguar usôtro memo,e tô inté hoje inscreveno,cada poesia bunita de dá gosto.
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