ESPELHO

Olho-me no espelho do final do corredor, querendo saber quem sou... uma pergunta concreta numa procura abstrata para me encontrar em uma certa noite sem estrelas e onde a lua perdeu o luar...

Dispo-me de preconceitos e vulgares ambições e me perco nas entrelinhas dos caminhos... solto um grito lancinante que se perde nas encruzilhadas para chegar ao infinito... sou uma voz que se cala sem respostas para todas as perguntas... uma boca que engole silêncios...

Sou um olhar num rosto vazio... uma madrugada fria esperando o sol... um barco naufragado num mar de ondas encrespadas... Sou a Dama da Noite... flor noturna que murcha no final das madrugadas.

Sou uma gazela perdida esperando o caçador com o medo estampado no olhar, quando meu corpo cansado se arrasta em labirintos sombrios procurando a saída dos sonhos vazios numa noite sem luar...

Sou feita de esperas, mágoas e saudades...

Meu Fado!!!

Meu fado é triste e magoado... com um passado sem tréguas... perdido nas recordações da vida que ficou nas brumas do tempo descolorido... uma ausência de chegadas e partidas... um rosto marejado de lágrimas amargas.

O mundo não é perfeito!...

Mas todo o mundo tem o seu fado triste e magoado!...

Nem todos são perfeitos... cheirosos... bonitos... ricos e felizes...

Ah... mas tem dias!... Tem dias que sinto ao meu redor o aroma de rosas e avelãs... tem dias que sinto na boca o sabor do mel de doces manhãs... tem dias que me olho no espelho do final do corredor e me sinto a obra prima dum artista sonhador... com um final feliz dum belo romance de amor!

By@

Anna D’Castro

Anna DCastro
Enviado por Anna DCastro em 25/01/2015
Reeditado em 31/05/2016
Código do texto: T5113464
Classificação de conteúdo: seguro
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