SEM PRESSA...
Caminho devagar porque a pressa me venceu... um dia já fui ansiosa, esquecida da fadiga. A vida era uma corrida e a esperança de tudo perfeito era uma exigência que foi naufragando com o tempo da sabedoria.
Hoje exijo uma pressa moderada... dissolvo-me em outonos primaveris e invernos estiosos, bem mais calmos que os outrora escaldantes que foram ressecando as pétalas das rosas, as raízes expostas ao frio do vento e a pele fresca da juventude.
À minha volta o abandono da fadiga, mas a esperança naufragando com o desconsolo da solidão me faz recordar as sementes guardadas e hoje transformadas em lágrimas amargas por momentos não vividos.
Ao redor choram rosas famintas de carinhos... as horas morrem nas trevas antes que chegue o alvorecer e nenhuma é igual às que viveram antes do envelhecer.
Sem pressa quero procurar meu corpo cansado e abandonado à sorte com a alma ferida que partiu para longe de mim. Vou tentando prender o tempo da espera que se vai escoando por entre os dedos encarquilhados pelo soprar tenebroso do vento agreste das recordações.
A vida é breve, mas a pressa é inimiga da perfeição. Colorindo o anoitecer, a calma clama por um espaço nas noites consteladas, diante da espera da magia do sonho que vai prolongando a doce luz do renascer.
By@
Anna D’Castro