Não sei o que encheu tua boca de beijos
Não sei o que encheu tua boca de beijos e teus olhos de rios, o que perfuma o meu e o teu desejo quando ando a inventar-te em segredo por sobre as folhas das sílabas de outono, o que de tuas mãos brota quando já nem sei se te basta o meu amor repleto de lonjuras. Não sei amor, o que te faz silêncio e o que te faz palavra em poema aberto em meu peito ou o que me faz sentir na imagem a tua muda tez nas pontas dos dedos. Só sei que te amo e que é de ti que se erguem as paisagens e navegam as naus que nascem em meus medos, que é de ti que se arquitetam os sonhos e as vontades e porque me lanças e arremessas ao teu amor é que já não mais sei o que sou se te ocultas no silêncio das pedras por entre as cartas que guardo na esperança tola que tenho que vens. Não sei o que te encheu a boca de beijos amor, só sei que te amo e que andas a pressentir o que os oceanos segredam as estrelas, e que de longe fazes vibrar o mar em que não encostas.