Verso meu
Meu verso não tem estilo
Sou um poeta amador
Ama a dor
Queria fazer um verso que fosse como um barranco de rio
Barranco onde dois amigos se sentassem para pescar numa tarde de um dia qualquer
Um verso que fosse como uma mesa de bar onde a tristeza e a alegria se encontrassem entre uma cerveja e outra
Onde pessoas cansadas de fingir o que não são, parassem para conversar e relaxar
Quem sabe como um degrau de uma escada na porta da casa de uma cidade pequena, onde num fim de tarde alguém se sentasse ao por do sol fumando um cigarro, depois de um duro dia de trabalho
Um verso como uma mangueira na beira da estrada
Cheia de mangas maduras
Quem passar pela estrada e quiser, que pegue algum verso se achar que deve, ou não pegue
A mangueira na beira da estrada serve a todos os tipos de gente, não pergunta, não julga
Ela está sempre lá, grávida de sombra,mangas,pássaros
A manga colhida enche a boca de prazer
A manga que fica cai e humildemente alimenta a terra cumprindo seu destino
Não tenho maiores ambições neste campo, tenho apenas sentimentos
Sentimentos que buscam palavras, querendo criar corpo e se manifestar
Uma boiada que quer romper a cerca, quebrar as cangas e descambar feito louca pela invernada
Virar pássaros, estrelas,borboletas,outonos e auroras
Mas meu verso, talvez seja na verdade como um menino de rua parado no farol
Pede apenas um olhar