CORPO SEM ALMA...
Chove lá fora como sinto tempestuosa a minha alma...
Meus olhos cintilam relâmpagos de desespero e nos labirintos
que cercam meu coração, não há qualquer esperança de libertação
dessa saudade que me mantém como refém de um tempo sombrio...
Cansei de esperar - te, de acreditar que tuas promessas eram tão reais como a doçura dos beijos com que me mantinhas sob teu domínio, uma ilusão desmedida de que para nós, havia sido escrita a mais bela história de amor, sem final feliz, porque seríamos felizes para sempre... O despertar do sonho para a realidade do pesadelo de que teu grande amor não havia passado de uma mentira, foi cruciante... Morri mil vezes a cada lembrança, em cada sensação de que havia deixado de existir um coração dentro do meu peito, que agora, eu era apenas um corpo sem alma, repleto de terríveis ferimentos que nunca fechariam... A sensação delirante dos teus lábios que pareciam absorver a minha vida em cada beijo, fazendo - me ser cada vez mais, parte de ti... o deslizar das tuas mãos no meu corpo febril, apaixonado, faminto pelos teus carinhos, por encaixar - me no teu como a peça que faltava num quebra cabeças, enquanto ouvia tua voz murmurando todas as palavras que poderiam transmitir - me segurança, certeza de que teu amor era meu e verdadeiro, como se não conseguisses viver um instante distante de mim, do meu amor, das minhas carícias... Mentiras... Mentiras!! Tudo parte de um teatro cruel que logo se revelaria, inexorável...
Como se uma nuvem negra se abatesse sobre meu mundo, antes iluminado pela tua presença, pela luz radiante dos teus olhos e da felicidade que eu julgava ser nossa, tudo perdeu a cor, o brilho... Não mais existe a beleza do Sol, nem me alcança a beleza que existe na chuva, embora eu quisesse, como cada gota que cai, também perder - me em algum lugar onde nada mais existisse, quando tudo evaporasse para sempre...