Lamentação
Um dia chegando na praça
Um senhor da capital
Encontrou com Juvenal
E sentindo-se um pouco sem graça
Tentou puxar conversa
Posso com o Senhor falar?
O cabra lhe respondeu:
- Se for do bem, sim
Do contrário vá embora
E me deixe sozinho aqui
O Senhor acabrunhado
Um pouco assustado
Assim lhe relatou:
- Vim da cidade grande
Encontrei esta cidade,que parece sossegada
Quero comprar uma casa
Pois lá onde eu morava
Ninguém sabe quem é do bem ou do mal
Que só sabe roubar e matar
Também sou do interior
E por causa do meu filho, o Nestor
Que na sua mocidade
Foi cursar a faculdade
Pois queria ser Doutor
Eu e minha mulher
Para satisfazer o desejo
Do nosso filho querido
Vendemos tudo que tínhamos
E fomos para a capital
Este foi o nosso mal
Um dia bem tarde da noite
Quando vinha da faculdade
Um motorista embriagado
Meu Nestor atropelou
O infeliz estava num racha
Sem prestar nenhum socorro
Fugiu, e ninguém o encontrou
Com o coração dilacerado
Enterrei meu filho amado
E agora aqui estou.
O Juvenal ouviu tudo
Pareceu ficar mudo
Depois de algum tempo falou:
- Aqui já foi bom seu Doutor
Escute o que vou lhe dizer
Hoje em dia cada um de nós
Tem que sofrer
Entendo a sua dor
Este lugarzinho que o Senhor diz ser sossegado
Já foi há tempos atrás
Agora não é mais
Neste lugar onde estamos
Na semana passada estava
Meu irmão com o seu cão
Um bandido da cidade
Veio numa moto em alta velocidade
E em frente do meu irmão parou
Passe tudo que tem gritou
Senão o pior vai acontecer
E meu irmão meio atordoado
Do bolso tirou um trocado
E ofereceu ao ladrão
Este não satisfeito
Pegou a pistola de jeito
E deu um tiro no peito
Do único irmão que eu tinha.
E a pobre da minha vizinha!
Sua renda era criar galinha
O filho no mal caminho andou
Devia traficante
E um dia o infeliz
Procurou o caminho que quis
O acerto de conta foi certo
Tomou a bala na cabeça
E hoje na terra fria
No cemitério jazia
Aquele garoto tão novinho
Coitadinho!
Então seu moço me escuta
Não adianta labuta
Porque tudo está errado
Começando com os poderosos
Governam o país ansiosos
Por mais dinheiro no bolso
Roubam e ficam impunes
Não respeitando os costumes
Que aprendemos desde infância
Cada um com o que é seu
Sabe por que fazem isto?
Porque muitos eleitores sem formação
Só faltam beijar o chão
Que os pés desses maiorais pisaram
Pensando que são Jesus Cristo
Então meu camarada
Temos que seguir a estrada
Que o destino traçou
Rezar muito e pedir nosso criador
Que coloque no mundo mais amor!