SOBRE DESASSOSSEGOS E DESCARREGOS - (RLessa/Mai/2014)

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: - Apelativos somos ao deixar de perceber que somos unos, deveríamos sim moldar nossas almas com a fidelidade de quem (se) ama.

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: Frívolos somos ao deixar de entender que somos complexos, deveríamos sim direcionarmos nossas metas como quem realmente (se) ama.

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: Amargos somos ao deixar de vivenciar que somos duais, deveríamos sim permitir o caminhar como quem realmente (se) ama.

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: Tolos somos ao deixar de sentirmos que somos mortais, deveríamos sim possibilitar vida como quem realmente (se) ama.

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: Apropriadores somos ao deixar de gritarmos que somos fracos, deveríamos sim agendar espaços como quem realmente (se) ama.

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: Falaciosos somos ao deixar de bradarmos que somos respostas, deveríamos sim coibir desamores como quem realmente (se) ama.

RIO, RIO MUITO DO QUE NOS TORNAMOS: Domados somos ao deixar de aceitar que somos apostas, deveríamos sim alçar voos e permitir amar como quem realmente (se) ama.

Estasiada com a beleza do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas consumo a ideia de salvá-lo sem realmente fazê-lo.

Vivenciada com o aroma do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas desfruto da ideia de beleza sem realmente senti-la.

Amaldiçoada com a resposta do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas vivo de ideia de preservar sem realmente realizá-la.

Embebecida com a resistência do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas sobrevivo de ideia de lutas sem realmente sê-la.

Nascida com o privilégio do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas derivo de ideia de memórias sem realmente vivenciá-la.

Parva com o desuso do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas abasteço de ideia de saudade sem realmente percebê-la.

Abençoada com a ressurreição do Rio, esqueço - me que também sou rio e apenas iludo-me de ideia de ecologia sem realmente realizá-la.

Essa "escrevinhação" é parte de minha angústia após perceber o quanto estamos nos tornando superficiais, imediatistas, e absorvidos pela inércia social operante. Fácil perceber que poucos agora são os que falam do Rio Piracicaba, daquilo que fizemos com ele.

Tantos são os rios Piracicaba em nossa vidas, ou apenas é um fato isolado no planeta?

Sete Quedas, Xingu, Calota Polar, Chernobyl, Haiti, Hirochima, Etiópia, Sarajevo, Andes, e tantos outros rios que passam em nossas vidas, ficamos atônitos, consumimos notícia, até choramos e aí... viramos a página à procura de mais e mais situações que saciem nossa inoperância humana.

Antes quando novidade a seca do Rio Piracicaba, era aquele fervor de fotos mostrando indignações pla falta de água, pelo olor abundante, pelos peixes apodrecendo; uma profusão de indignações.

Novamente anestesiados e consumidores das desgraças momentâneas, saciamos nossos egos ressequidos do sentir, pensar, agir, refletir, transmutar, realizar; e paralisamos possibilidades de ações vindouras e tão necessariamente emergenciais.

Que ser é esse que nos transformamos e que se abastece de fatos tão catastroficamente reais e deixamos de adquirir o sentido real de fomento e realizações de mudanças de nossos comportamento?

Realmente nos importamos com as coisas que falamos?

O rio continua agonizante, nosso Rio interior também. Nossos egos e consciências já foram aplacados pela mídia imediatista (jamais esqueçamos que somos nós os riachos sociais humanos que geramos esse poder midiático) e nada de real fazemos...

Quando mudaremos o que somos?

Realmente queremos nos modificar?

O rio é somos nós, e nós somos ele, porque dele somos.

Gosto de palavras, mas palavras não são só atos de escrita, mas fatos de concretudes viáveis.

Sejamos eternas defensores de piracemas assim eles certamente virão.

ESSE TEXTO É UM AUTO ALERTA E EM FUNÇÃO DAS POSTAGENS QUE VEJO NA REDE SEM EFICÁCIAS NAS AÇÕES QUE SOLUCIONEM REALMENTE OS FATOS.

Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 20/01/2015
Código do texto: T5107716
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