SEM AR
Volta-me o desejo de escrever. O indômito de vomitar palavras me domina. Sem nexo, conexas, desconexas, o que importa? Quero escarrá-las, golfá-las, salpicar pessoas, enodoá-las, deixá-las marcadas superficial ou profundamente, talvez, com vergalhos ou cortes lancinantes, salmourentos, como um chicote desembestado.
Necessito do choro, do lamento, do escárnio, da controvérsia, da atenção no olhar perdido, da respiração de desdém, do muxoxo, sabe-se lá, de “um pobre coitado”...
É um alento saber-se vivo.