cansado dos olhos doutrinados e ouvidos moucos, amoldados pelo pragmatismo cotidiano. 
Afinal, a vida devia ser muito mais do que aquelas efemeridades que os prendiam... que os sucumbiam.

... Já não alvoreciam à paisagem,
                                           não pulsavam aos solfejos,
                                                                                  não orvalhavam ao sol...


Transbordavam quereres deturpados, menos sede de amor...
 
E ela não entendia o porquê de tantas transitoriedades, se tudo em seus olhos cintilava abstrações !
Se todos os caminhos lhe conduzia ao impalpável.

 
A alma lhe condenara às inconcretudes - Amava tudo o que não podia ser tocado -
 
Buscava agora um remanso ; um regresso à origem da palavra, à infância, ao íntimo, nascedouro. Precisava desse recolhimento. Esquecer o mundo e reabastecer seu universo.
 
Pusera-se pois a fazê-lo mansamente ; desde as fímbrias dos sentires aos profundos silêncios, deitada sob as águas em si, até que toda essência alagasse.

 









Imagem - Viktoria Haack
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 16/01/2015
Reeditado em 29/04/2015
Código do texto: T5104116
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