A espera do precipício
Um sonho distante...
Tudo ficou na lembrança, como um passado remoto, uma ilusão...
O presente é um castelo em ruínas, uma flor seca, um olhar para o vazio.
Nada se move.
O abismo é tão sedutor. As rochas sussurram o meu nome.
O vento é um amigo impaciente esperando uma decisão.
Os olhos contemplam um céu cinzento.
A boca inicia uma prece, como um alento para o coração.
As palavras não chegam ao destino, impedidas pelas nuvens negras que anunciam a tempestade iminente.
As gotas de chuva (ou seriam lágrimas?) caem sobre um resquício de relva verde.
Lembro-me do sorriso inocente dela.
Lembro-me que o mundo não é mais meu.
Cerro os punhos, ergo a cabeça.
E mais uma vez o precipício terá que esperar.