SOLIDÃO (texto poético escrito nos meus 17 aninhos de vida)

Estou só.

E nesta solidão escuto claramente

O barulho dos carros que passam,

Das carroças, o galopar dos cavalos.

É muito cedo,

Mas cedo a cidade desperta.

Os homens que guiam os carros

Vão para fábricas e escritórios;

Os das carroças vão à feira, mercado.

Vão a procura do alimento para os seus.

Estou só.

Percebo vozes, gritos alegres, risos.

É o pessoal que chega para o trabalho.

Cumprimentam-se e continuo só.

Passos no corredor, ruído de molhe de chaves,

Ranger de portas, o prédio não está vazio.

E eu estou só.

Crianças chorando

De fome, frio, sono talvez.

Presto atenção a tudo isso e continuo só.

Escuto o tilintar dos telefones,

O apito das fábricas,

O barulho das máquinas de escrever,

O prédio não está mais vazio,

Mas eu estou só.

Ouço passos, vagarosos passos

Que se aproximam de minha porta.

É uma senhora idosa, começamos a conversar.

Já não estou mais só,

Pois tenho alguém a quem amar.

Simone Possas Fontana

(escritora gaúcha de Rio Grande-RS,

membro da Academia de Letras do Brasil/MS, ocupando a cadeira 18,

membro correspondente da Academia Riograndina de Letras,

autora dos romances MOSAICO e a MULHER QUE RI,

formada em Letras, contista da Revista Cultura do Mundo,

blog: simonepossasfontana.wordpress.com)

Minhas Anotações:

- Texto poético escrito nos meus 17 aninhos de vida.

- Publicado no suplemento O Peixeiro, do Jornal Agora de Rio Grande-RS em setembro/1980 e janeiro/1981.

- Publicado no blog: simonepossasfontana.wordpress.com