O APOCALIPSE CHEGOU
Hoje o dia amanheceu incrivelmente escuro,
Como se a noite quisesse prolongar seu turno.
Achei que finalmente o céu desabaria em chuva,
Como está escrito que um dia desabaria.
Mas é de chuva que nós estamos precisando,
Então não é assim que Deus vai acabar conosco desta vez.
A chuva passou e o noticiário vespertino continua a explorar
Os mesmos escândalos políticos de todos os dias
E as mesmas tragédias cotidianas, aqui e no exterior,
E a loucura é a única coisa que todos
Os homens parecem ter ainda em comum.
Por dois motivos precisamos de um novo dilúvio.
Seja para encher as nossas represas quase secas,
Seja para afogar de novo a humanidade pecadora,
Que depois de tantas tentativas de Deus para salvá-la,
Não consegue mesmo se tornar digna desse apreço.
Se a velha humanidade foi destruida pela corrupção
O que podemos dizer desta que é bem mais corrupta
E ainda produz fundamentalistas mal humorados
Que matam os outros por causa de crenças diferentes
Ou será porque são animais que não sabem sorrir?
O que distingue os homens dos outros animais
É a sua capacidade de pensar nos próprios pensamentos.
Assim, as vezes ele descobre o ridiculo de suas crenças
E consegue desenvolver um pouco de bom humor,
Que talvez seja a única coisa que pode salvar sua alma.
Bemaventurados aqueles que não levam tudo a sério
(Pelo menos não o suficiente para matar quem não leva)
Bem aventurados aqueles que não tem pés de um só tamanho
E conseguem calçar e caminhar com os sapatos alheios
E Bemaventurados todos os que conseguem ver o mundo
Do ponto de vista das outras pessoas e não só do seu.
Parece que o mundo está de ponta cabeça.
Chove tudo em um lugar só ─ onde não precisa chover─
E nem um pingo onde a necessidade é premente.
Vejo os paulistanos se afogando nas águas pútridas
Que sobem dos seus fétidos rios contaminados,
E morrem de sede por falta da água limpa que deveria sair
─ E não sai ─ da boca das suas torneiras niqueladas.
Enquanto isso discutimos quem é mais adequado
Pra governar um mundo que parece desgovernado.
Tanto faz que Deus queira nos matar de sede,
Ou afogados nos nossos próprios detritos:
Nós somos os únicos culpados disso tudo,
Porque destruímos nossas florestas e poluímos os nossos rios.
Depois impermeabilizanos nossas cidades
E provocamos todo o desequilibrio que a natureza está sofrendo.
Peço a Deus que se ele estiver pensando em acabar com tudo
E resolva começar de novo, que Ele não procure um novo Noé.
Que ao invés de profetas malucos e redentores ingênuos
Ele nos um mande pelo menos um administrador competente.
─ E se não for pedir demais ─ alguns políticos honestos.
Hoje o dia amanheceu incrivelmente escuro,
Como se a noite quisesse prolongar seu turno.
Achei que finalmente o céu desabaria em chuva,
Como está escrito que um dia desabaria.
Mas é de chuva que nós estamos precisando,
Então não é assim que Deus vai acabar conosco desta vez.
A chuva passou e o noticiário vespertino continua a explorar
Os mesmos escândalos políticos de todos os dias
E as mesmas tragédias cotidianas, aqui e no exterior,
E a loucura é a única coisa que todos
Os homens parecem ter ainda em comum.
Por dois motivos precisamos de um novo dilúvio.
Seja para encher as nossas represas quase secas,
Seja para afogar de novo a humanidade pecadora,
Que depois de tantas tentativas de Deus para salvá-la,
Não consegue mesmo se tornar digna desse apreço.
Se a velha humanidade foi destruida pela corrupção
O que podemos dizer desta que é bem mais corrupta
E ainda produz fundamentalistas mal humorados
Que matam os outros por causa de crenças diferentes
Ou será porque são animais que não sabem sorrir?
O que distingue os homens dos outros animais
É a sua capacidade de pensar nos próprios pensamentos.
Assim, as vezes ele descobre o ridiculo de suas crenças
E consegue desenvolver um pouco de bom humor,
Que talvez seja a única coisa que pode salvar sua alma.
Bemaventurados aqueles que não levam tudo a sério
(Pelo menos não o suficiente para matar quem não leva)
Bem aventurados aqueles que não tem pés de um só tamanho
E conseguem calçar e caminhar com os sapatos alheios
E Bemaventurados todos os que conseguem ver o mundo
Do ponto de vista das outras pessoas e não só do seu.
Parece que o mundo está de ponta cabeça.
Chove tudo em um lugar só ─ onde não precisa chover─
E nem um pingo onde a necessidade é premente.
Vejo os paulistanos se afogando nas águas pútridas
Que sobem dos seus fétidos rios contaminados,
E morrem de sede por falta da água limpa que deveria sair
─ E não sai ─ da boca das suas torneiras niqueladas.
Enquanto isso discutimos quem é mais adequado
Pra governar um mundo que parece desgovernado.
Tanto faz que Deus queira nos matar de sede,
Ou afogados nos nossos próprios detritos:
Nós somos os únicos culpados disso tudo,
Porque destruímos nossas florestas e poluímos os nossos rios.
Depois impermeabilizanos nossas cidades
E provocamos todo o desequilibrio que a natureza está sofrendo.
Peço a Deus que se ele estiver pensando em acabar com tudo
E resolva começar de novo, que Ele não procure um novo Noé.
Que ao invés de profetas malucos e redentores ingênuos
Ele nos um mande pelo menos um administrador competente.
─ E se não for pedir demais ─ alguns políticos honestos.