[Poesia: destino ou sina?]
Ainda que tratada como projetos de oficinas de misturas instantâneas de palavras, ao contrário do que dizem alguns, a poesia não morreu! Continua por brotando por aí, como flores de ervas daninhas que crescem onde ninguém as quer. A poesia são esbarrões, por vezes dolorosos, na concretude de um sonho ou de um devaneio!
Mas, reflexo de um sol desconhecido e oculto no interior de quem a escreve, a poesia é tão graciosamente inútil como a luz da lua cheia... tão inútil como inúteis são estas palavras! Odiaria se alguém descobrisse utilidade no que eu escrevo!
Ou será que alguém já descobriu alguma utilidade na poesia?! Óbvio: a poesia encanta sem ter finalidade de encantar, mas de ser destino ou sina. E como tal, é apta a levantar suspeitas, causar intrigas, paixões, ciúmes... Função deve ser distinguida de Utilidade... será?
Assim: a poesia — é destino ou sina? Ou apenas o Nada de nada-ser debulhado em palavras?
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[Desterro, 14 de janeiro de 2015]